20.10.06

Homenagem ao Rio Pedreirinha.

Pude brincar em uma lagoinha
Que se chamava pedreirinha
Onde nadava menino e menina
Em suas águas bem limpinha.

Ali eu pescava pela manhã e as tardinhas
Lambaris e ferozes trairinhas
Carás, caranguejos e cobra-dagua
Há infante saudade que me mata.

Minha maior alegria
Era acordar de manhãzinha
Cavoucar o chão dos terreiros
E colher minhocas em seus serpenteios.

Pegar minhas varinhas de bambu
Com o dorso sempre nu
Descia terrão abaixo
Com destino ao riacho.

Os pássaros aos montes como jamais se viu
Sabiás, bico-de-lacres e até tiziu
Febril na mente infantil
Se a linhada deixando ontem, algo produziu.

Há minha agonizante lagoa
O que o bicho homem fez com você?
Uma obra, um aterro a toa?
Sufocaram-te até morrer!
Aquela cena chocante
Em que olhei delirante
Cravou em meu pensamento
Que jamais esqueço aquele momento
Aquele lago tão bonito
Quase não acredito
Caudaloso em água fresquinha
Perdeu toda a água que tinha.

Oh, Meu Deus! Que imagem triste
Mas agora sei que existe
Eu jamais iria pensar
De um dia poder enxergar
A terra daquele lugar
Agora, até se pode pegar.

Só mesmo quem te conheceu
Sabe agora que morreu
Só nos resta pedir a Deus
Para a chuva que abastece
Vem logo em ti e desce
E te ressuscite antes que minha alma esmorece.

Sejas forte, natureza minha
Renasça mais forte da cinza
Recrie novamente seus peixes
Dê-nos mais de seus deleites.

Volte firme e caudalosa
Renove minha esperança de outrora
Mesmo que seja em meus pensamentos
Encubra esse barro agourento.

Volte sua águas a refletir a lua
Mostre ela no seu espelho, toda nua
E pela manhã evapore até as nuvens
Deixe os pardais molharem suas penugens.

Deixa a gente ficar descalço em ti
Volte a ser como um dia te vi
Faça o homem compreender
Que a natureza não pode padecer.

Natureza que me viu crescer
Natureza que vai me ver morrer
Engula a obra humana
Obra morta, fútil e profana.

Mostre toda sua força
Renasças com a chuva e a garoa
Volte pedreirinha querida
Volte para minha alegria
Deixe meus filhos em ti pescar
E aprenderem contigo a amar.



Wagner Almeida Posso.

Um comentário:

Anônimo disse...

Gostei das coisas bonitas que voce,meu caro sobrinho as escreveu.Parabenizo pela iniciativa de fazer este trabalho bonito,que afinal eu participei um pouco desta epoca no tempo da pedreira,pipas,baloes,brincadeiras,etc.Um grande abraÇo do seu tio

Manoel. tel.tim (11)83539288

E-mail-brothermessias2011@hotmail.com