20.10.06

Brincadeiras Esquecidas



Anda trago em minhas memórias escondidas
As brincadeiras de crianças que já foram esquecidas
o sei se por força da mídia televisiva
Ou pelo vídeo game que a todos cativa.
Brincadeiras que se remexe no peito
De tantas saudades sem sossego
Espero que minha memória não me traia
Para que neste Blog se propaga
Algumas venturas que tive na infância
Do meu lindo tempo de criança.

O tempo de pipa que tudo era perfeito
Que no serol não existia defeito
Ficar na rua a espera do vento
No sol, na chuva ou no sereno.

Afiar as varetas apoiado na coxa
Chorar com cavaco enfiado na roupa
Encapar a pipa com plástico da rua
Recortar com cavaco de vidro, uma obra pura.

A linha comida, parecia um varal
- Se pegar no nó eu vou me dar mal!
Fazer a volta descarregando e deixar subir
E ver a pipa do marreco sumir
Ou ainda soltar a lata no estirante
Podia ser linha de anzol ou de barbante
O relo era coisa certa
Linha lipaza não presta
A boa era linha zóio dez corrente
Não enrolava e era mais potente.

Brincar de box com bolinha de gude ajoelhado no chão
Ir do pagão para matusca com palmo, careca e canhão
E no triângulo se carambolou perdeu a vez
Nervoso para descobrir quem esta regra fez.

E a mudes reta sem drupes, uma verdadeira covardia
Que pulava barranco, possa d’água e facilitava a mira
Mas quando a bolinha acertava no quengo
Estourando a minha, eu parecia um velho agourento.

Ver o pião juncar quicando na cela
Dar um duque que quase o outro pião quebra
E a batatada que dava trisca na fieira
Tirando a tinta pintada à caneta.

Brincar de taco era coisa de macho
Três para trás deveria entregar o taco
Bolinha perdida, sem contagem aberta
Taco fora da cela era queima na certa
Derrubar a lata com mira certeira
Bolinha de camurça pegava na veia.

E o beijo, abraço e aperto de mão
Era a chance de beijar a menina do coração
Meu amigo dava um toque nas costa com carinho
Quando era aquela morena de lábio macio.

O carrinho de rolimã na contramão
Descia levantando o poeirão
E quebrava o eixo nos buracos do chão
E esfolavam todos os dedos da mão.

O esconde-esconde era bom demais
Ninguém passava a gente para trás
No pega-pega a gente suava um horror
Parecia locomotiva a todo vapor.

A perna de pau toda torta
Feito a madeira furtada da porta
A ameixa e manga verde com sal
A barriga chega passava mal.

O chiclete guardado no pote de açúcar
Sinônimo de belas tapas na nuca
O chinelo quebrado, e preso com arame
Ainda dava para usar bastante.

As caxumbas dos dois lados
Ainda assim, de pés descalços
Era só amarrar um lenço preso a cabeça
De dia tudo bem, mas latejava a noite inteira.

E o prego enfiado no pé
Lavava tanto que acabava o chulé
Esse é o resumo de ser criança
Ter vida, ser feliz e não perder a esperança.


Wagner Almeida Posso.

6 comentários:

Alessandra A Bertoni disse...

Amei! voltei ao passado, não tão distante é claro. Viajei..... Parabéns....

Anônimo disse...

nossa .. ja brinquei de quase tudo isoo kkkk , realmente bons tempos ! parabens voce escreve muito bem .. dorei ! kkk

viviane

Wagner disse...

Obrigado gente, essas palavras de carinho me dão forças para continuar a compor. Abraços a todos.
Wagner de Almeida Posso.

Risa disse...

P E R F E I T O !

Unknown disse...

Ótimas recordações nas suas palavras. Tenho impressão que algumas dessas brincadeiras ainda persistem porém somente na periferia.

Unknown disse...

Parabéns meu irmão votei no tempo,falando para os filhos como era nossa infância.